Como sempre, gosto de falar de temas polêmicos ou que são, no mínimo, disseminados dentro de um viés que considero parcial ou que precisa ter seus paradigmas reformulados como estímulo a uma visão mais ampliada e madura.
Bem, feliz 2017 para todos, e que nossos desafios possam ser tratados e conduzidos com muita sabedoria, apoios e parcerias fortalecidas. E esse tópico não poderia estar mais propício para começar o ano, num convite ao repensar sobre algumas questões importantes e necessárias, que nesse ano não será diferente.
Parece que só falo em liderança. Sim, falo muito, porque acho que é a principal fonte dos vários problemas que enfrentamos nas organizações. Procuro formas e caminhos diferentes para não cair na mesmice e atrair o leitor para esse chamado, se posso dizer assim.
Existe um velho e persistente paradigma de que as pessoas odeiam seus chefes/superiores. Isso fica estabelecido com exemplos que são sempre dados em forma de chavões da gestão e do meio organizacional, sempre com um prazer muitas vezes cruel na comprovação de que o problema é crônico, com tendência a ser perene. E pasmem, como se não fosse nunca responsabilidade de ninguém pegá-lo à força para tratar.
Uma pena que esse pensamento coletivo incentive a letargia de ações que poderiam ser aplicadas para que o problema fosse tratado, minimizado ou encarado como um grande desafio a ser perseguido diariamente. É desconfortável e as empresas preferem negá-lo, adiá-lo ou continuar a aplaudir a manutenção dessa situação no topo do ranking dos casos perdidos.
Existem chefes que ainda, na sua maioria, se mostram muito despreparados e que passam longe de ser motivo de orgulho das nossas organizações? Com certeza sim. Mas também existem muitos outros que mesmo que não sejam considerados modelos de liderança, também não provocam nas pessoas, em geral, esse ódio fomentado.
Precisamos parar de generalizar, e colocar o foco e energia na análise dos porquês desses altos índices de rejeição, incluindo uma forte avaliação sobre a qualidade desses reclamantes. Será que não há muito da própria incompetência e irresponsabilidade profissional e adulta que também vemos na grande parte dos nossos colaboradores, demonstradas de forma nítida nas relações de trabalho?
Essa forma prensada de explicar a vilã relação das pessoas com alguém acima delas, não contribui para a mudança desse cenário e para o amadurecimento das relações e das pessoas. As pessoas já entram no mercado de trabalho sabendo que vão enfrentar algozes de seus destinos profissionais, e isso por si só já as colocam na posição de vítimas do sistema, aquelas que passarão toda a caminhada reclamando, achando desculpas, buscando aliados nessa visão e meios de comprovação de culpados dos seus insucessos, fracassos, falta de oportunidades e infelicidades.
Todos nós temos e teremos condutores e mentores na vida, a começar dos nossos pais e mães que muitas vezes são tão duros ou piores do que esses exemplos que citamos de chefes ruins. Temos de tê-los e o mundo não pode abrir mão disso. Estamos distante do sonho de sermos autogerenciáveis ou autossuficientes em tudo, o tempo todo.
E a máxima que vale para o trabalho, vale também para a relação de chefia e subordinado: temos que trabalhar, que possamos então fazer aquilo que gostamos, com prazer e buscar a realização através dele. Temos que ser conduzidos por alguém acima de nós, então que tenhamos a sorte ou que busquemos ser liderados por pessoas mais preparadas, mesmo que não competentes em tudo, e que possamos contribuir e fazer escolhas, dentro da nossa cota de responsabilidade, para a melhor relação possível.