“Não dá para falar somente em lucro ou resultados. As pessoas não se engajam por isso. Elas se engajam por propósitos, por causas, por pessoas”.
Ricardo Seperuelo: “A arte de engajar”.
Já não é um discurso mais tão novo que as empresas, o futuro delas, dependerão de quanto e como elas vão trabalhar para conseguir unir os seus propósitos com os de vida pessoal e profissional de seus colaboradores.
Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work (GPTW), diz que a tendência de referência sobre melhores empresas para se trabalhar está se direcionando mais fortemente dentro do movimento apelidado “a corrente do bem da gestão”. De acordo com ele, as melhores empresas para se trabalhar têm convidado seus fornecedores e clientes, e envolvido seu público interno, a aderirem à criação de excelentes ambientes de trabalho e, especialmente, o desenvolvimento de uma nova geração de liderança nas organizações. O foco não deixa de ser o resultado do negócio, mas dentro da linha de que este virá através de pessoas envolvidas, bem intencionadas, engajadas, felizes e com seu potencial aplicado ao máximo.
Ao longo do período que tenho contribuído para esse canal, com muito prazer, diga-se de passagem, e muito grata pela consideração, acabo direcionando minhas visões e conhecimento para esse ponto, por acreditar veementemente nele, já que dedico meu trabalho, minhas reflexões, meus estudos e vivências a apoiar organizações, dirigentes, gestores e pessoas a não desprezar um assunto que embora não seja ainda um pensamento comum, precisa ser considerado e tratado com respeito, boa vontade e crédito.
Também, e na mesma medida, sei considerar que sair de uma cultura tradicional, centralizadora, autoritária, pouco participativa e envolvente, com discursos padronizados e paradigmas antigos replicados sem vontade de mudança, e apegada a muletas diversas, com relações pouco transparentes e melindradas, atitudes egoístas e verdades agudas pouco tratadas, não é uma tarefa fácil. Mas é possível e necessária. Precisamos querer, por um lado; ou não ter outra saída, de outro.
E aqui volto ao meu usual discurso sobre o importante papel dos líderes nesse processo de transformação de traços culturais, maus hábitos, posturas equivocadas ou imaturas, pessoas sem direcionamento e causas, modelos frágeis de gestão e atitudes pouco profissionais. Não há como fazer mudanças, se nossos líderes e gestores não trabalham conjuntamente para o mesmo propósito. Se não saem da zona de conforto para não perder o que têm. Se não se arriscam em fazer diferente, se não acreditam que não teremos futuro otimista, a não ser que eles se envolvam de verdade e se comprometam.
Shiozawa avalia, em suas pesquisas e acompanhamento do mercado, que as práticas que as empresas têm desenvolvido para transformar seus ambientes são práticas próprias, alinhadas ao seu modelo e cultura. Claro, a partir do entendimento, propósito e crédito na necessidade de evolução para garantia da sua sobrevivência, da sua perenidade. E da disposição de todos para fazer dar certo. De verdade.
As pessoas retribuem e reagem de forma positiva e nova, se tocadas da forma certa. A gestão de pessoas “por atacado” não funciona mais. Se os líderes querem ter suas equipes na mão, como gostam de dizer, precisarão oferecer e fazer valer um bom argumento para, de fato, ter as pessoas aderentes à sua causa. Senão, continuaremos a assistir ao Déjà vu na gestão.