Há muito se fala da necessidade das organizações em repensar seu modelo de gestão, especialmente no que tange a pessoas, relações de trabalho e ambientes profissionais. O discurso não é novo, mas precisa ser aceito e tratado de forma prioritária, como outros assuntos empresariais. Participo de alguns fóruns de discussão com posicionamentos recorrentes de que com mercado fraco e desequilíbrio na equação custo x lucro não adianta falar em RH inovador e gestão estratégica de pessoas.
A necessidade de se olhar para este tema transcende os momentos de crise, de fartura ou de transição que assolam os negócios de tempos em tempos. A meu ver, o assunto em questão deve estar inserido na pauta estratégica de um negócio, não somente quando o convite às boas práticas vêm de forma impactante como um modismo ou novidade, mas que seja tratado de forma natural, continuada e inserida, de uma vez por todas, no contexto estratégico. Que fazer gestão de pessoas de forma séria, ética, justa e propulsora de resultados não seja entendido como a parte difícil, polêmica, pouco atrativa e cara.
E descartada em épocas de crises e falta de dinheiro. Vemos ainda uma falta de visão do que é tratar profissionalmente as pessoas, as relações internas, os papéis de liderança e o clima. Talvez se isto estivesse sendo feito, as crises, as fases ruins e tudo mais passariam trazendo crescimento e boas lições, e não somente lembranças ruins a serem rememoradas o tempo todo como justificativa de recuos e pouca disposição para a mudança.
Essa ainda falta de visão é fruto de culturas que precisam se renovar em vários aspectos, sem perder o que elas têm de melhor. É fazer um esforço coletivo de persistir em quebrar alguns paradigmas antigos que já não estão ajudando em nada, em tempos de mercados tão exigentes e difíceis.
O assunto transformação da cultura está nas mãos da área de RH. Se antes colocávamos o foco no estudo do comportamento humano, hoje temos que ser especialistas em cultura para entender o comportamento individual e coletivo e como trazer as maiores forças a favor dos resultados do negócio.
Além de ter domínio do ambiente que estamos, do perfil dos gestores e dirigentes que conduzem o quadro de pessoas que queremos atingir, as diretrizes que a empresa pretende adotar como gestão e os rumos do negócio, temos que ter muito trânsito em todos os níveis da organização e saber trabalhar com eles e para eles, sem nunca perder o foco de origem: servir ao negócio para seu crescimento, preservando a busca do senso humano e ético das relações de trabalho.
Remeto-me, no final, ao título dessa fala: RH é o grande contribuinte no processo de mudança. Há anos falamos sobre a área ser o agente de mudança. De outro lado, a área precisa estar nos holofotes e na mira do mundo acadêmico, das escolas de negócio, das instituições de treinamento e das organizações, principalmente, para que a mudança se faça em primeiro lugar dentro de casa. Insisto que somos nós que vamos mostrar ao mundo o quanto podemos contribuir e não esperar a demanda de fora.