Vamos precisar atribuir novos significados à nossa vida, aos nossos papéis, à nossa sobrevivência no coletivo.
Gosto de escrever sobre ciclos: os de encerramento e os de começo, especialmente. Minha missão é sempre deixar uma reflexão com olhar otimista diante de temas que ainda causam arrepio no mundo organizacional e nas relações humanas.
Esse ano não faltou motivos para que nós, idealistas de um mundo melhor, nos desencantássemos a cada dia. Não nos faltou exemplos e situações ruins, dentro e fora de nossas casas/empresas, que contribuíram para o descrédito, a falta de esperança, a desarmonia, a comunicação travada e a insegurança trazendo um retrocesso nos ganhos de autoconfiança e autoestima que lutamos diariamente para manter como seres humanos. E também como negócio. O sentimento foi e é de caos.
Vivemos e estamos ainda em pleno movimento de desordem. E isto mexeu muito com nossos ânimos, nossa fé e nossas boas intenções. Dizemos o tempo todo que estamos firmes e confiantes, apesar de tudo. Eu digo isso diariamente a quem me pergunta como estou. Menos no sentido de ser e praticar o “jogo do contente” da nossa querida Pollyanna (personagem do livro de EleanorPorter-1913), a otimista incurável que trouxe a estudo a famosa síndrome de Pollyanna, e mais para manter a força interna para continuar caminhando sem se dissolver.
Nietzsche, em um dos seus célebres pensamentos, disse que “é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela”. Quero acreditar nisso. A desordem, o caos, ambos nos remetem a posições que talvez nunca tivéssemos pensado em estar, ou viver. Todos, sem exceção, e de uma forma ou de outra, nos lugares que estejamos, tivemos que mudar algo dentro de nós: uma rota, um plano, uma postura, um olhar, uma crença e um sonho. Sim, até os sonhos entraram nesse turbilhão de alternativas e soluções que tivemos que adotar em nossas vidas. Parece que a vida tomou uma medida mais intensa, mais vigorosa. Será que foi só para mim?
Falo tudo isso não para rememorar o que menos queremos: nossa ansiedade frente às incertezas, mas de forma também categórica e vivida, afirmar, ou sugerir, que esse movimento também tem trazido pontos positivos quando estamos nele por inteiro.
A mensagem que quero deixar aqui nesse texto e para esse final de ciclo, como eu gosto de chamar, é que façam uma reflexão ressignificada sobre as lições aprendidas e praticadas no caos particular e coletivo que estamos vivendo. Mas é preciso dar realmente esse tom de olhar com novo sentido para si, sua vida e seus posicionamentos diante dela. Um novo sentido quanto ao nosso papel profissional, as nossas missões, os nossos formatos de atuação na busca às cegas de resultados inesgotáveis.
Será preciso ressignificar as fontes, os meios, os recursos, os parceiros, as relações, as causas, os propósitos e os sentidos. Depois de tudo, não dá para sermos os mesmos.
I Ching disse numa de suas frases que “tempos de progresso são precedidos por tempos de desordem e que o sucesso vem para aqueles que conseguem sobreviver à crise”.
Esperar por isso é hoje nossa esperança, é nossa verdade. E eu acrescentaria, por minha conta, que o sucesso sempre virá, apesar das tormentas, para aqueles que conseguem sobreviver às crises de forma digna, coerente, íntegra e com fé na possibilidade de tempos melhores. Sempre.