RH ESTRATÉGICO

Falar de RH Estratégico parece algo usual para alguns, discurso já passado para outros e algo intangível e inatingível para a maioria. Afinal, o que é ser um RH Estratégico? Como sabemos se nossa atuação e papel na empresa são considerados estratégicos? Ser estratégico é quando sou ouvida (o) pelo Presidente da minha empresa?

A visão apresentada por mim será diferente do que temos lido e ouvido nos últimos anos. Não será destoante, apenas diferente. Não elimina o discurso geral, mas apenas traz um encaixe de ideias e expectativas sobre o assunto na dita “vida real” que a maior parte de nós, profissionais de RH, vive nas empresas que trabalham.

Antes de iniciar o tema propriamente dito, quero fazer um resumo do cenário, também conhecido por todos, e que justifica o favorecimento da valorização da área de RH na última década e meia, podemos assim dizer.

A velocidade das mudanças no mundo organizacional vem impondo desafios de gestão. O ambiente de negócios, principalmente a partir da última década do século XX, passou por profundas mudanças que alteraram de forma significativa o perfil das organizações e estas continuarão a passar por transformações que tornarão esses ambientes cada vez mais complexos, exigentes e diversificados em termos de gestão.

As relações profissionais também tornaram-se altamente complexas e difíceis de serem geridas. O profissional de hoje é muito diferente do passado. O sentido do trabalho em si também nada se assemelha ao que já foi um dia. Começamos por aí.

O ambiente atual neste princípio de século XXI não tem mais espaço para a organização mecanicista, que se caracteriza pela falta de flexibilidade e da dificuldade para o aprendizado, evolução e adaptabilidade às mudanças. As organizações são vivas, chamadas de orgânicas, e sua inteireza está no fato que as ações e reações não são mais previsíveis e moldadas. A interação é diferente e até as relações de hierarquia mudaram. O indivíduo é dono de suas vontades e determina o sentido e trajetória de sua carreira. Não é a mais a empresa que define e impõe a evolução do profissional e sim este que dá o “tom” do seu crescimento, sua ambição e sonhos de realização. A empresa tem que estar preparada para este novo posicionamento do empregado numa relação de trabalho.

Se no passado o potencial de sucesso de uma organização era atribuído a recursos, infraestrutura, tecnologia e capital, a força da empresa nesta era veio residindo na competência de gerir sua dimensão humana, que é a única que pode ser capaz de promover e transformar suas potencialidades em resultados relevantes e sustentáveis para o negócio. É um discurso que já se popularizou (tomara não tenha se banalizado!), mas de fato o que vem fazendo e vai garantir o rumo de sucesso das empresas é um quadro forte de pessoas comprometidas, engajadas, felizes, realizadas e com espaço para contribuir. Isto é condição sinequa non nas relações contemporâneas de trabalho.

E para tornar este desafio possível, ou melhor, para não ficar para trás na corrida da competitividade e lucratividade, as empresas terão que se reinventar, ou se modernizar na sua forma de conduzir um negócio, obter lucros e ganhar mercado. Para tal e como serão pessoas fortes com propósitos sólidos de realização, contribuição, serviliência, interesse genuíno por algo e vontade de pertencer a causas e conquistas mais nobres que farão toda a diferença neste cenário, as empresas terão que formar, investir, valorizar, reconhecer, patrocinar, acreditar e demandar muito as áreas de RH, pois esta será a principal parceira dos dirigentes na necessária  transformação de cultura, perfil e estrutura mental do negócio. Por que a área de RH? Porque é a área que vai ajudar a empresa como trabalhar com todo potencial de inteligência, vivência, criatividade e atitudes empreendedoras que tem em mãos e que deverá ser revertido em resultado de negócio e que hoje é seu maior recurso e diferencial na onda da competitividade e da luta pela permanência no mercado: pessoas, capital humano, capital intelectual, como queiramos chamar. Simples assim. Li outro dia num artigo muito interessante que “o RH e Comunicação são gestores do patrimônio mais importante do futuro que é o conhecimento, a gestão, a criatividade, os valores e a reputação, pois é dentro das pessoas que está tudo isto”.

Nesta matéria gostaria de ampliar o sentido que meu olhar define a área de gestão de pessoas ou a prática dela, começando por uma análise que faço: se nossa área também não transcender e fizer uma revisão de valores e preceitos como numa terapia ou coaching profissional, estaremos longe de poder contribuir à altura da complexidade dos desafios apresentados aqui. Terapia para RH? Não fomos nós que sempre fizemos a terapia organizacional? Sim e não. Se fizemos foi em outros tempos onde o nosso papel era bem diferente e a nossa missão e contribuição pouco valorizadas, se comparadas com a atualidade. E ainda falando em terapia, era mais comum ver os RH’s fazendo terapia com as pessoas e não na cultura organizacional. Nossos desafios também eram bem menores: não podíamos avançar muito. O espaço era menor. Tempos onde nosso foco estava no processo e nas rotinas. Onde éramos mais paternalistas e assistencialistas, por um lado, ou puramente tecnicistas por outro.

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